PISCINA: REABRIR OU NÃO?

06

nov | 2020

PISCINA: REABRIR OU NÃO?

Com a chegada do verão, dos planos para as férias de fim de ano e da flexibilização gradual, a procura do uso da piscina nos condomínios começa a aumentar de forma incontrolável.

Neste novo normal, com a vivência da pandemia do coronavírus, somos confrontados diariamente pelos moradores com dúvidas a respeito deste conteúdo. Primeiramente, devemos saber a importância do protocolo, caso formos optar em reabrir o lazer.

Um trabalho de conscientização dentro de um condomínio não é fácil, mas também não é impossível. É um trabalho que exige paciência, persistência e acima de tudo, uma equipe que seja unida, como por exemplo: síndicos, conselheiros, zeladores, funcionários e prestadores (referente à área citada).

Um protocolo bem elaborado e estruturado é importante para ser aprovado em assembleia para não haver problemas futuros e situações desagradáveis com os moradores, pois ele é uma forma de padronizar a comunicação dos critérios, regras ou normas a serem cumpridas. Cada protocolo deverá ser de acordo com o perfil do condomínio.

Assistimos, vemos e ouvimos muito sobre distanciamento social e em locais mais arejados, destinos alternativos que não estejam tão lotados, higienização, prevenção entre outros.

Agora pergunto: é seguro dar mergulhos em águas de piscinas? O COVID 19 pode ser transmitido na água da piscina?

Vamos partir do princípio: “O Covid-19 é um vírus que causa infecção respiratória, e existem duas principais vias de transmissão do vírus: a respiratória (pelo ar) e a de contato pessoal (aperto de mão e com objetos ou superfícies contaminadas: mas, ambas se dão pela propagação de gotículas de saliva/secreção nasal provenientes da pessoa infectada quando esta tosse, espirra ou fala...”

Vamos analisar todo o recinto da piscina: interno, temos a água e o externo: equipamentos, bordas, corrimão, vestuários, utensílios, cadeiras, mesas, espreguiçadeiras, ombrelones, entre outros. Na piscina o maior perigo são as pessoas, não a água.

O vírus não sobrevive às condições da piscina, mas aglomerações na água apresentam mesmo risco de transmissão fora dela: se uma pessoa contaminada entra na piscina e fica com várias outras, esta pode espirrar, tossir, ou até mesmo brincar de jogar água na outra pela boca, a pessoa está com a cabeça fora da água, ofegante...

Segundo o químico Marcel F. Michel, especialista em qualidade de água e do Grupo PeagaH, “Mesmo o vírus tendo a capacidade de sobreviver de algumas horas até três dias em algumas superfícies fora do organismo de uma pessoa (de acordo com um estudo preliminar realizado pelo Instituto Nacional de Saúde, Agência do Governo dos Estados Unidos), o COVID-19 é um vírus envelopado, ou seja, possui uma membrana externa frágil (uma capa de gordura que o mantém encapsulado nela) e uma vez removida essa membrana o vírus não sobrevive externamente (por isso o motivo que devemos lavar muito bem as mãos com água e sabão ou detergente neutro, toda vez que tocamos uma superfície ou objeto).” 

A área externa da piscina é onde temos que nos preocupar. As pessoas que frequentam a utilidade esquecem dos protocolos e da prevenção, acabando fazendo pequenas aglomerações e, volto a dizer, pode haver uma pessoa contaminada, transmitindo para as demais pelas vias já citadas e quando compartilham materiais, objetos, brinquedos.

Outro parecer sobre o assunto é que
de acordo publicado em 05 de maio de 2020 pelo Conselho Superior de Investigação Científica do Ministério da Ciência e Inovação, na Espanha, nestas atividades recreativas, a infecção por Covd-19 por contato com a água é “muito improvável".

A médica Antonieta Dias, Medicina Geral e Familiar do Hospital dos Lusíadas, em Portugal, não é a favor de atividades lúdicas que reúnem várias pessoas: “Sendo um vírus com tanta mutação e com manifestações tão diferentes, com um tempo de permanência nas superfícies tão variável, mesmo sendo uma piscina partilhada num condomínio fechado, é arriscado participar numa atividade dessas. O mais prudente é de facto não utilizar as piscinas", diz. "Por muitos cuidados que haja, é navegar numa incerteza. Não devíamos arriscar."

Temos que levar em conta que existem pessoas assintomáticas, aquelas que os sintomas são mais leves, as que possuem imunidade baixa, as que são de risco (principalmente idosos e pessoas que já possuem algumas doenças crônicas: diabetes, hipertensão, asmáticos e fumantes) e algumas que ficaram com sequelas.

De acordo com todas as informações e profissional da área de Educação Física, também não recomendo a reabertura: Faça sol ou faça chuva, a piscina não irá sair do lugar, será sempre mantida a sua manutenção. Em relação a sua saúde, não tem piscina que a assegure, vale mais se prevenir do que chorar depois.

*Adriana Glad Jorge é profissional de Educação Física, Pedagoga e Síndica Profissional.

Adriana Glad

Adriana Glad

Palestrante na área de Esporte e Gestão Condominial, Profissional de Educação Física (CREFSP 17127), Ex Atleta, Pedagoga e Pós-graduada em Treinamento Desportivo a 29 anos.