Crônica INSS

19

jan | 2020

Crônica INSS

Sou procurador de uma moça que está totalmente cega e teve a perna esquerda amputada até à altura do joelho em decorrência da diabetes.

Fiz seu pedido de benefício ao INSS em agosto de 2019. Ainda em análise...

Há poucos dias o chefe do INSS deu entrevistas dizendo que o processamento dos pedidos tinha um atraso de mais ou menos seis meses... Seis meses!!!

São mais de um milhão de pedidos na “fila...”

A maioria desses pedidos é de gente pobre e enferma. Não é de gente que trabalha para o Estado brasileiro. Os servidores públicos não tem atraso em seus pagamentos e normalmente são extremamente bem pagos.

Falando nisso, alguém pode explicar o seguinte paradoxo: por quê o servidor público brasileiro recebe os salários mais altos pagos no país se o serviço público brasileiro é uma porcaria?...

Seis meses...

Essa moça ainda deverá esperar esses seis meses para poder receber seu benefício, ou seja, quase um ano de espera para receber um salário mínimo por mês.

Em recente artigo publicado na Folha de S. Paulo e assinado pelo professor de Direito Constitucional Conrado Hübner Mendes - “A corrupção do Judiciário é institucional e não se confunde com corrupção do juiz” – se lê que uma juíza do Pernambuco recebeu, num mês, a importância de R$1.290.000,00 (isso mesmo: um milhão, duzentos e noventa mil reais em um mês!) e um juiz de Minas Gerais recebeu a bagatela de R$ 762.000,00 (setecentos e sessenta e dois mil reais)...

Ou seja, as pessoas que precisam do benefício de um salário mínimo podem esperar um ano para receber, porém o servidor público que recebe um milhão de reais não sofre atraso em seu pagamento.

Logo, necessário se faz concluir que o brasileiro é refém do funcionário público.

Na realidade – do latim res, que quer dizer coisa - o brasileiro se transformou em “coisa escravizada” do Estado brasileiro para o sustento da nababesca classe burocrática que nada faz para diminuir a angústia de viver em um Estado onde ser pobre é o equivalente a ser condenado a perecer sob a dor, o sofrimento e o desprezo dessa “classe” que nos governa...

A moça para quem pedi o benefício está cega e amputada, porém podemos perceber que existe cegueira voluntária do Estado brasileiro e sua verdadeira gana em amputar esperanças e meios de sobrevivência de quem não pertence à desonrosa categoria desse funcionalismo público malsão.

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Se ainda tem alguma dúvida, escreva pra gente pelos comentários. Até a próxima. 

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Charles Le Talludec

Charles Le Talludec

Charles Le Talludec - Advogado